Primeiro final de semana fora de
casa. Fora do Brasil. Primeira semana. Para mim completa um ciclo. Normalmente,
quando se viaja e dá uma semana, a gente já começa a sentir falta de casa, das
nossas coisas, da nossa cama...Também estou sentindo isso, mas tem uma
diferença: minha casa é aqui agora, minha cama é qualquer uma, que tenha um
lençol limpo. Minha família são esses brasileiros que assim como eu vieram em
busca de um sonho, de uma vida melhor. Minhas coisas estão aqui, dentro da mala
ainda, à procura de espaço, de um canto para se arrumarem. E não estou nem um
pouco incomodada com isso...
Muita gente diz que a primeira semana é a pior. Eu achei tudo ótimo. Não tive nenhum problema.
Tantas emoções, sensações...Não
tem como explicar tudo que estou sentindo.
Só vivendo isso aqui para saber. Estou muito, muito feliz. Mas tenho
meus medos, minhas dúvidas, minhas angústias. E quando elas batem, não tenho aquele
abraço, aquele consolo, que só a gente sabe o quanto é importante. E o jeito é
esperar o tempo passar, o que aqui se resume às vezes, a algumas horas. Mas
ainda assim, no final de tudo, quando a gente deita, o pensamento vai até
aquelas pessoas que nos amam e nos conhecem tão bem e sabem apenas no tom de
voz como estamos.
Em Dublin, não sei as outras
cidades da Irlanda, mas deve ser assim, também, é um lugar de pessoas com olhos
azuis. Nunca tinha visto tantos na minha vida. Acho que 99% das pessoas daqui
têm. E que olhos, que pele. As mulheres são lindíssimas. Os homens nem tanto...
Domingo de manhã estava no
centro, voltando pra casa, peguei o Luas (trem) e me sentei em frente a uma
garota, devia ter uns 17 anos. Me lembrou muito a Avril Lavigne. Como ela era
linda. E que olhos. Mas os olhos daqui às vezes são tão vazios. É estranho. E
aquele par de olhos começou a chorar. As lágrimas daquela menina caiam e eu
fiquei pensando o que tinha a levado a mostrar essa emoção, na frente de todos,
porque as pessoas aqui são muito frias. Elas geralmente não esboçam reações,
não riem. A gente faz piada, ri alto e elas continuam lá. No mundinho delas.
A minha vontade era de perguntar
se tava tudo bem. Mas eu sabia que ia receber uma resposta torta, de canto de
boca. E o trem seguiu e ela continuava secando as lágrimas. Até que não me
contive e perguntei em inglês se tava tudo bem. Ela disse que sim. Mas eu
insisti e ela disse que estava com alergia. Hahahaha. Não sei se ria, se
acreditava ou não, enfim...
Por que mencionei isso logo em
seguida do meus comentários? Pode parecer que não tem nada a ver, mas nós
brasileiros somos um povo muito abençoado. Nós temos o sol. Cara e bem ou mal,
isso faz muita diferença. O índice de mortes em Dublin por assassinato é
baixíssimo, mas em compensação por suicídio é assombroso. E por quê? Pela falta
de sol, de calor. E acho que mais ainda, pela falta de calor humano...
É claro, é bem simplista isso que
tô dizendo. Existem muito mais coisas por trás disso, mas começa por aí. E
também, conversando com uma menina que é Au Pair (babá), a Mandy, uma querida,
ela disse que os pais para quais ela trabalha são muito amorosos, acompanham de
perto a educação dos filhos, abraçam, beijam...well...culturas,
educação...Tanta coisa diferente em poucos dias...
Por outro lado pude ter o prazer
de conhecer senhoras extremamente simpáticas. Um outro dia no Luas, de novo,
sentei ao lado de uma senhora e ela disparou a falar. E como já mencionei o inglês
deles é muito rápido e enrolado. É difícil entender. Expliquei pra ela que não
falava muito bem, que era brasileira e ela se abriu toda. Começou a falar mais
devagar, perguntou se estava gostando, se tinha visto a neve, se ia passar o
Natal e o Ano Novo aqui. Disse que não, que ia pra Escócia. Ela gostou, disse
que era muito bom lá, etc...Adorei esse contato. Adoro conversar com as pessoas
assim, nativas. O inglês solta e melhora o listening.
Na fila da loja Penneys também
com outra senhora foi assim. Ela ria, ria, falava e a gente não entendia nada. A
Nick na cara dela literalmente, falava “moça, não to entendendo nada do que você
tá falando”. Mas a gente ria tantoooo! E ela achando que estávamos entendendo
tudo. A gente fala o que quiser dentro dos lugares e as pessoas nem ligam, não
olham. É muito divertido. De vez em quando esbarramos num brasileiro, o que é
na verdade, bem comum.
Fomos num almoço no domingo na
casa de uns brasileiros de Porto Alegre e na volta precisava muito comprar um
secador de cabelos. Passamos no Jervis, shopping famoso daqui e compramos um
pela bagatela de 10 euros! Muito barato. Não sei se presta, mas tá valendo. Não trouxe o meu super do Brasil porque é 110 e tudo aqui é 220.
Na saída, passamos em frente a um
Spar, mercadinho mais caro que tem aqui e como não tínhamos algumas coisas para
tomar café, resolvemos entrar pra comprar. Estávamos procurando açúcar e não estávamos
encontrando. Resolvemos perguntar pro moço que trabalhava lá. E a gente se
esforçando e tal para falar as palavras certas e o cara me solta: “Ah açúcar?”
hahahahaha. Caímos na gargalhada. Oh Raça! Mais um brasileiro. E é claro que a
Nick não perdeu a oportunidade de perguntar como fazia para conseguir emprego
lá! Rsrs.
Saímos e fomos pegar o Luas.
Moramos na estação Suir Road. Depois da Ri Alto. É muito engraçado. No caminho,
de novo, sentei ao lado de uma senhora e ela desatou a falar. E eu achei que
ela ia só falar alguma coisinha e não dei muita bola. Mas ela não parava mais.
Então expliquei de novo que não falava tão bem etc. Mas o que veio em seguida,
tive que me conter para não chorar de rir! Falei que era brasileira e ela se
espantou. Pegou no meu cabelo e perguntou: “Nossa, mas seu cabelo é loiro
natural? E tem loiros assim no Brasil???” hahahahahahahahah. Ai gente,
realmente, as pessoas tem uma visão bem equivocada do Brasil.
Ai ai, gente. Demais.
Aqui acontece tanta coisa em tão
pouco tempo, que não dá pra escrever tudo. Os posts ficam enormes. Vou tentar
não dar muito espaço entre um e outro. Nesse meio tempo, fui em uma festa com
mais brasileiros. Mas não curti muito. Sou careta pra algumas coisas e fingir que
é normal, que tá tudo bem, não é comigo...
No sábado fui ao The Meez,
restaurante brasileiro, comi feijoada e tinha pagose ao vivo. Só os antigos. Eu
que não sou chegada, adorei. Me diverti muito e dancei muito. Foi muito
gostoso. Fui com a Nara e com a Nick e lá conhecemos a Alessandra e outras
pessoas muito legais.
Ahhh, vale muito mencionar que no
domingo, também, falei pela primeira vez pelo telefone com uma mãe de uma host
family – família que contrata Au Pair. Vi num site que ela precisava e tinha o
telefone e com a cara e a coragem, liguei. Ela foi super simpática. Me enrolei
um pouco, mas consegui me comunicar. Vou aguardar agora o retorno dela para
marcar a entrevista pessoal.
Além disso, vi de verdade a neve! rsrs. Emoção!
Os Irishis falam sorry para TUDO. Tanto para pedir licença quanto para se desculpar. Nem uso o excuse me. Só Sorry! :D
Frente da minha casa
Bom, já tá bom. Amanhã tem mais.
Meu PPS chegou e preciso ir ao banco abrir minha conta! Finalmente.
bjuuuuuuuuuuuuu
6 comentários:
Lindo texto! Você realmente consegue transmitir as sensações e a gente quase se sente sentada no Luas ao seu lado, vendo a menina chorar, a senhora falar. Força e determinação, daqui a pouco vc estará empregada.
Bjo
Flor....tô adorando suas aventuras....o açúcar achei o máximo....rsss....bjs
Oie Andreia
Adorei o post e as fotos!
Agora torcer para dar certo com a host family =)
A mulher perguntando se seu cabelo era natural é muito sem noçao kkk...
Bjs
Oie Andrea
Nossa eu comentei aki, mas meu comentario nao aparece!
Espero muito q vc esteja gostando daqui =)
A mulher perguntar se o seu cabelo é natural muito sem noçao kkk...
Bjs
Muito legal contar suas experiências aqui... acabamos conhecendo um pouco tbm... tô rezando por vc, para que sua força seja maior que as angústias... bjo
Nossa muito interessante o seu texto e você escreve super bem, você descreveu os acontecimentos na Irlanda como poucos, com uma naturalidade e clareza!
Me ajuda muito que to pensando em ir!
Sucesso aí =)
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