segunda-feira, 19 de julho de 2010

PRECONCEITO (o outro lado da moeda)

Olá, olá, olá!


Tarde chuvosa em Maringá! Que maravilha. Os agricultores estão felizes. O frio chegou pra valer, finalmente. O pessoal daqui não gosta muito de frio, mas é quente demais, estava precisando.

A semana passada foi bem, digamos, exaustiva, coisas boas, outras nem tanto, aconteceram. Mas, como diz aquela música "...ainda se vierem noites traiçoeiras, se a cruz pesada for, Cristo estará contigo...". É isso que me move, que não me faz desistir. Acredito muito no ser humano, na sua bondade. Sei que tem muito mal por aí, mas prefiro acreditar que pra tudo existe um jeito. A minha vida inteira sempre foi assim. Caindo ali, levantando acolá, mas desistir, jamais!

Semana passada estivemos em SP para fechar algumas coisas que estavam pendentes em relação aos pais do Roberto. Ficamos apenas a terça na parte da tarde e a quarta. Não deu pra fazer nada. O tempo estava chovoso e frio, o trânsito o mesmo de sempre, então já se sabe, que tudo fica mais difícil. Mas graças a Deus, no final das contas, deu tudo certo. Menos uma coisa.

Aqui no salão também foi relativamente tranquilo. Tô me acostumando com os tipos de problemas que um negócio desses acarreta. É só não se desesperar, resolver tudo com calma. Pensar e pensar muito antes de tomar qualquer decisão. Aliás, tudo na vida é assim? Nada pode ser resolvido de cabeça quente. Tô aprendendo muito isso com nesse negócio. Até porque maringaense é um bicho complicado! eheheh.

Bom, vamos ao título do post! Por que preconceito? Ontem, assistimos ao filme "Invictus". Uma história maravilhosa. Quem conhece a trajetória e vida de Nelson Mandela sabe que não seria pouca coisa. Eu que conhecia pouco, fiquei ainda mais surpreendida...A começar pelo elenco: Morgan Freeman e Matt Damon, além é claro, da direção de Clint Eastwood.

Esse filme, não só por sua história, mas pela mensagem que envolve não apenas o racismo, mas o amor ao próximo e o perdão. Duas palavras-chaves que se realmente fossem cumpridas eliminariam qualquer tipo de preconceito, seja ele racial, religioso, sexual, político, etc etc. Temos milhares de preconceitos na nossa sociedade, sejam eles velados ou não. O roteiro (verdadeiro) se passa em torno do campeonato mundial de Rugby (uma espécie de futebol americano, mas sem proteção). A missão do então presidente Mandela é resgatar a paixão nacional pelo esporte de uma forma que todos se respeitem, pois o país tinha acabado de passar pelo Apartheid (estado que negava aos negros (maioria da população) direitos políticos, sociais e econômicos). Então, a separação racial era muito grande. Um abismo. Brancos e negros se odiavam. Mandela viu no time de Rugby, que não era respeitado - por perder muito e por ter em sua maioria jogadores brancos - uma forma de reconciliação. Apesar de muitos serem contra, ele foi até o fim. Não vou contar o filme, mas vale muito a pena ver.

Uma de suas frases que expressam muito minha opinião sobre preconceito em geral é a seguinte: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."

Que lindo isso! é a perfeita tradução do amor. Como dizia outra música e a própria Palavra "...o amor tudo suporta, tudo sofre, tudo crê..." 1Cor. Hoje, na terapia falamos disso. Exatamente sobre o amor ou a falta dele na vida e no dia-a-dia das pessoas.


Outra coisa que ele fala muito é sobre o perdão, porque ninguém, lá na Africa, entende como ele pôde ficar tanto tempo preso e sair e perdoar aqueles que tanto lhe fizeram mal. "O perdão é a salvação da alma", ele diz. Realmente, só quem ama o próximo é capaz de perdoar.

Outro ponto importante do filme é sobre mudanças. Como somos tão resistentes a mudanças, né? Lembrei do livro que li, um clássico, chamado "Quem mexeu no meu queijo?". Quem nunca leu, fica a dica. Encarar positivamente as mudanças da nossa vida é um passo a mais para a boa relação com outras pessoas. Um exemplo que eu gosto de citar é quando o pároco da minha igreja, que estava lá há 15 anos, saiu e entrou outro padre. De fato, eles eram muito diferentes. Não vou entrar no mérito se um era melhor que o outro, mas focar na questão-chave que é a mudança. Como somos tão preconceituosos quando se trata deste assunto (tá vendo como o preconceiro paira na nossa vida?). Se o padre novo entrou, o julgamos mesmo antes de saber como ele lida com as situações, de onde veio, que tipo de homilia ele tem, etc. Lembrando que é só um exemplo. Não estou defendendo nenhum deles.

Tuuuudo isso que falei até agora é pra embasar um dos meus maiores sofrimentos. Por isso, o título: Preconceito - o outro lado da moeda. Quando disse que preconceito racial é só de branco com negro? quero dizer que VIVO eternamente o preconceito de ser loira, branca! Siiiim. e inteligente. Siiiiiim!!!! Pasmem???!!!! No Brasil, não se pode ser loira e inteligente. Ou bonita e inteligente. Não que eu me considere exatamente bonita, falo isso por amigas que são bonitas e inteligentes e sofrem com esse tipo de preconceito. Você não pode ser as duas coisas, porque senão vc é considerada metida, egoísta, soberba, chata, etc etc, nem preciso dizer mais adjetivos pelos quais já fui chamada ou pré-julgada. O negócio funciona da seguinte forma: vc tem que ser bonita e burra. Ou feia e inteligente. Ou gorda e legal e divertida. Ou mulher e Amélia. Ou homem e fortaleza. Ou rico e egoísta. Ou pobre e mal educado. É sempre assim. E isso é muito cruel. São os julgamentos, estereótipos...

Quero abrir essa discussão em cima desse filme maravilhoso que me ensinou que não importa de onde vc veio, a cor do seu cabelo ou o time que vc torce, o que importa é o que vc tem no coração. O que importa é o valor que vc tem diante de Deus. E que TODOS, TODOS somos iguais. O cara ficou preso quase 30 anos e saiu de lá para amar. Amar seu país, seu próximo, fosse ele quem fosse. E usou o esporte pra conseguir isso. Um esporte que une todas as raças, todos os cleros, ricos e pobres.

Quando eu falei de futebol em outro post, da Copa do Mundo este ano, que inclusive foi na África, me veio muito forte isso. O quanto a África sofreu e ainda sofre com o preconceito e me transportei para a nossa realidade. Brasil. Parecemos que ainda vivemos no século XIX, apenas com uma diferença: a tecnologia. De resto, parece que nada mudou. Tenho uma amiga, a Ká, que não gosta de futebol e acha que Copa é perda de tempo. Respeito muito sua opinião, mas amiga, gostaria de te fazer este convite: assista a este filme, se já não assistiu, e reflita sobre tudo isso. O quanto é importante, apesar de todos pesares, a união de um país diante de um momento histórico, célebre que é a Copa do Mundo, motiva, dá ânimo diante de tantos problemas. O que um esporte pode fazer pelo seu povo. Se nossos governantes soubessem da “arma” que têm nas mãos, muita coisa seria diferente. E isso vale para o vôley, basquete, handebol, atletismo, entre muitos outros.

Mas voltando ao assunto do título, o “meu” preconceito, achei que quando eu mudasse pra cá – Maringá – tudo seria diferente. Mas para minha surpresa, é um pouco pior. O preconceito primeiro começou por eu ter vindo de SP. Segundo, por ser loira – de novo – e terceiro pelo modo como eu me visto – que não é nada demais pra quem me conhece, pois não uso roupas de marcas, nada extravagante, apenas gosto de me vestir bem – tem incomodado e muito, principalmente pessoas próximas ao meu trabalho, que dizem que sou patricinha, metida – de novo – etc... Não sei se porque as pessoas que freqüentam o salão encaram isso de uma forma diferente ou se Maringá toda é assim. Ainda não sei. Só sei que estou muito chateada com tudo isso. Achei que isso fosse acabar, mas me enganei. Parece que minha vida inteira, desde o dia que eu nasci até o dia da minha morte, não importa onde eu esteja, será assim. É claro que também tenho minha parte nisso. Não me eximo. Sou uma pessoa difícil de lidar, falo o que penso, mas isso tem sido trabalhado...

E o que fazer mais??? Tenho rezado muito pra ter mais paciência e aceitar esse povo, afinal fui eu que me mudei. Eles não são obrigados a me aceitarem como eu sou. Lembra das mudanças acima citadas? Mandela diz mais uma frase que estou tomando para mim: “Se eu não posso mudar diante das circunstâncias, como posso esperar isso dos outros?”



E assim como que para vencer a Copa do Mundo é preciso muita dedicação, treino e muita disciplina; uma mudança de vida, de comportamento, também precisa disso. E acima de tudo, saber que se está errado e aceitar que nem sempre o que a gente pensa é o correto. Quem nem sempre a forma como sempre vivemos é o correto. Cada lugar é um lugar, cada cidade é uma cidade, cada povo é um povo. E de novo: apesar de saber de tudo isso, TODOS, TODOS somos iguais perante o Pai.


E outra “Não importa se o portão é estreito, não importa o tamanho do castigo, eu sou o dono do meu destino”, mais um de seus ensinamentos.

Não é a toa que esse cara recebeu o prêmio Nobel da paz. É um exemplo.



E já que hoje tenho meu negócio e mais uma vez sou líder, preciso me adequar e fazendo mais uma vez analogia com o futebol, um bom time é o reflexo de seu treinador. E eu creio que seja assim pra tudo. Só mudamos algo com o nosso exemplo.


Ficou enorme esse post, mas precisava desabafar. Não quero que achem que me sinto coitadinha ou vítima. Jamais. Nunca me senti assim. Dei a cara pra bater para que outras pessoas enxerguem isso de forma diferente, pois todos vivenciamos um tipo de preconceito um dia na vida. Quando era mais nova, era muito magra, me chamavam de vários nomes e por ser loira então, nem se fala...Como o assunto da vez é o bulling, vejo muito esse tema enraizado no preconceito. “Brincadeiras” como essa são o mais puro preconceito. Chamem como quiserem, de um jeito mais moderno ou não. Preconceito, discriminação.

Ah, e que fique bem claro que não quero comparar o sofrimento dos negros com o meu. Não tem comparação tudo o que sofreram e ainda sofrem apenas por terem mais melanina. EU ACHO ISSO UM ABSURDO.

A lição deve começar em casa

O preconceito, às vezes, começa em casa. “O Jair é o meu melhor amigo, e eu sou o melhor amigo dele.” Luís, 11, é branco; Jair, 11, é negro. Essa seria uma história de amizade bacana se Luís não morresse de medo de seu pai descobrir que seu melhor amigo é negro. “Meu pai é superpreconceituoso. Se alguém o fecha no trânsito, ele fala: “Coisa de preto”. Se o porteiro do prédio faz algo errado, ele diz: “Só podia ser preto”.
“Por isso nunca tive coragem de levar o Jair em casa [eles se conhecem há seis anos]. Imagine se meu pai ofender ele? Não gosto nem de pensar, tenho vergonha”.
Na escola, os dois partem para a briga toda vez que Jair é xingado. “Mas não criei coragem para enfrentar meu pai como enfrento meus colegas”, conta Luís.
A psicóloga Dnilda Côrtes Silva, 45, do Disque-Racismo do Rio, diz que ambos são vítimas do preconceito. “Eles precisam da ajuda de um adulto. Não podem esconder essa amizade como se fosse uma coisa errada”.
www.diarioon.com.br/.../cadernos/viver-18486.htm


A minha amiga Mayara já falou sobre este assunto no seu blog publicando uma historinha que teria acontecido na TAM. Vale a pena ler tb. Verdadeira ou não, é genial. http://meujeitodeescrever.blogspot.com/2010/07/aconteceu-na-tam.html

E como Mandela já disse e citei acima, fecho com essa frase novamente:

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar."



E que Deus abençoe a África! E o Brasil. E que um dia, se não for sonhar demais, que negros e brancos, ricos e pobres, americanos e muçulmanos, nazistas e judeus, possam se sentar na mesma mesa e comer do mesmo pão. Em paz.